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Notícias de Portugal e do Mundo a partir do Agrupamento de Escolas de Santa Catarina
Alguns dias depois do colapso do norte-americano Silicon Valley Bank, que abalou os mercados mundiais, o Prémio Nobel da Economia Joseph Stiglitz saúda a reação das autoridades norte-americanas, mas não exclui outros fracassos.
O anúncio surgiu na passada sexta-feira. As autoridades norte-americanas davam como encerrado o Silicon Valley Bank (SVB), o principal banco dos Estados Unidos para startups tecnológicas.
Em entrevista à AFP, publicada esta quarta-feira, Joseph Stiglitz, Nobel da Economia em 2001, afirma que o risco de uma grande crise financeira é “uma das coisas que não se pode prever”.
“Os bancos estão mais saudáveis do que no passado, especialmente em 2008. Tem havido progressos, mas não tanto quanto o necessário. As novas tecnologias estão a facilitar o funcionamento dos bancos”, acrescentou.
Joseph Stiglitz recorda que se “costumava pensar que as contas bancárias eram difíceis de movimentar”. No entanto, atualmente “todos gerem a sua conta bancária através da Internet, é muito mais fácil levantar todo o seu dinheiro e colocá-lo noutro lugar”.
“Antes do colapso do SVB, pouco se discutia sobre como a tecnologia tinha influenciado a probabilidade de corridas a bancos. A estabilidade do sistema financeiro precisa de ser repensada, tendo em conta as novas tecnologias", defendeu.
O Nobel da Economia já tinha afirmado recentemente que o colapso do SVB era “previsível”. Agora, quando questionado sobre a possibilidade de outros grandes bancos passarem pela mesma situação, Joseph Stiglitz é perentório: “O sistema bancário é muito complexo”.
“Há sempre rumores sobre este ou aquele banco ser vulnerável, mas a menos que conheça o seu balanço, as suas exposições e (os resultados dos seus testes de stress), é difícil de verificar”.
Para Stiglitz, “o que é interessante é que não houve comentários negativos sobre os empréstimos do SVB. No passado, na maioria dos bancos, as pessoas queixavam-se da imprudência dos bancos, que tinham feito empréstimos hipotecários mais ou menos fraudulentos. Mas aqui não é um problema de empréstimos, é mais uma assimetria (entre o ativo e o passivo do SVB). E isto pode acontecer em qualquer parte do nosso sistema económico".
O Nobel da Economia relembra que entre quinta-feira e domingo “houve muito stress”. Mas considera que no final “as autoridades reagiram bem, mas muito lentamente”.
Segundo Joseph Stiglitz, “teria sido muito mais fácil se tivessem reagido mais rapidamente, especialmente em termos de garantir que os clientes que tinham depósitos superiores a 250 mil dólares não perderiam o seu dinheiro. A nível macro, isto foi o mais importante. Se as autoridades não o tivessem feito, (havia) a possibilidade de uma enorme crise financeira ou de uma enorme corrida aos bancos demasiado grandes para falir".
“É preciso compreender o grau de ênfase que isto (o atraso das autoridades em reagir) colocou sobre todos os profissionais do sector tecnológico. É um trauma que penso que terá efeitos a longo prazo”.
Dois dias depois do colapso do Silicon Valley Bank e do Signature Bank, as ações de algumas instituições bancárias mundiais registaram quedas.
O SVB, especializado em empréstimos a empresas de tecnologia, foi encerrado pelo regulador norte-americano e os seus ativos foram apreendidos na passada sexta-feira. Já o Silicon Valley Bank tinha tentado angariar verbas para colmatar uma perda decorrente da venda de ativos afetados por taxas de juro elevadas. A notícia dos problemas levou os clientes ao banco para levantar fundos, o que originou uma crise de liquidez.
No domingo, o regulador norte-americano tomou também em mãos o processo de fecho do Signature Bank, em Nova Iorque, que tinha vários clientes envolvidos em criptomoedas e era visto como a instituição mais vulnerável a uma corrida bancária semelhante.
As duas instituições bancárias eram especializadas em empresas tecnológicas e estavam expostas a ativos cujos valores estavam sob pressão do aumento das taxas de juro, avança a BBC.
O colapso do SVB e do Signature Bank levou a que as ações de bancos nos EUA, Europa e Ásia caíssem, uma vez que os investidores estavam preocupados com o estado geral do sector bancário.
Os investidores estão preocupados que as falhas nos dois bancos sejam um sinal de problemas em outras empresas.
Uma vez que a maioria dos bancos espalha a sua exposição por muitos sectores - e também tem muito dinheiro em caixa -, o pressuposto é que o risco para o resto do sector bancário seja baixo.
Há muito tempo que o Governo Federal dos EUA garante depósitos bancários inferiores a 250 mil dólares. No entanto, as duas instituições bancárias em causa movimentavam valores muito superiores.
O SVB e o Signature Bank tinham um conjunto diferente de clientes.
O Silicon Valley Bank atendia em grande parte a empresas tecnológicas em fase de arranque, enquanto o Signature Bank era um banco comercial centrado em clientes empresariais. Muitas dessas contas tinham montantes superiores a esse nível de 250 mil dólares.
Fonte: RTP
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