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Notícias de Portugal e do Mundo a partir do Agrupamento de Escolas de Santa Catarina
O Vaticano e a Grécia estabeleceram um entendimento para a devolução de três fragmentos de esculturas do Partenon com 2.500 anos, que estão na coleção dos Museus do Vaticano há perto de dois séculos. Com este acordo, a pressão aumenta sobre peças clássicas gregas integradas na coleção do Museu Britânico.
A assinatura oficial entre Vaticano e Grécia diz respeito a três fragmentos com 2.500 anos, que representam as cabeças de um menino, um homem e um cavalo. O processo culminou no Vaticano, na semana passada, mas as negociações foram anunciadas em dezembro de 2022.
Os fragmentos devem ser entregues oficialmente às autoridades gregas a 24 de março na capital Atenas, informou o Estado Pontifício. Com a doação para a Grécia, os Museus do Vaticano não possuem mais nenhuma parte do Partenon.
A Grécia apela a outras entidades para que sigam este exemplo, desencadeando uma maior pressão, nomeadamente sobre o Reino Unido, para devolverem obras de arte e objetos arqueológicos a Atenas.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, questionado sobre o assunto, afirmou na segunda-feira que o Museu Britânico não tem planos para devolver os mármores do Partenon à Grécia, classificando-os como um "grande trunfo" para o país.
“O Reino Unido cuida dos Mármores de Elgin desde há várias gerações”, declarou Sunak aos jornalistas. “As nossas galerias e museus são financiados pelos contribuintes porque são um grande património para este país”.
“Partilhamos os seus tesouros com o mundo e o mundo vem ao Reino Unido para vê-los. A coleção do Museu Britânico é protegida por lei e não temos planos de alterá-la”, acrescentou.
As esculturas do século V a.C. são na maioria remanescentes de um friso de 160 metros de comprimento que circundava as paredes externas do Templo do Partenon na Acrópole, dedicado a Atena, deusa da sabedoria.
O Museu Britânico é responsável pela conservação e gestão de coleções como a dos Mármores do Partenon - também conhecidos como Mármores de Elgin -, composta por alguns dos maiores exemplos da escultura grega antiga.
Os elementos arquitetónicos estão exibidos ao público desde 1832, depois de terem sido retirados do monumento da Acrópole grega pelo diplomata britânico Lord Elgin, quando era embaixador no momento em que o Império Otomano governava a Grécia.
As declarações de Sunak precedem o mesmo sentido das opiniões de Liz Truss e Boris Johnson, anteriores governantes britânicos.
De acordo com o matutino Kathimerini, o Ministério grego da Cultura deixa claro o desagrado: “Repetimos, mais uma vez, a posição firme do nosso país de que não reconhece a jurisdição, posse e propriedade das esculturas do Museu Britânico, por serem produto de roubo”.
Mas os organizadores da campanha Projeto Parthenon, apoiada por políticos britânicos de diferentes partidos, avançaram com uma opção para resolver a disputa de longa data.
De acordo com o grupo de trabalho citado na Reuters, mesmo que os dois lados não cheguem a um acordo sobre quem é o dono das esculturas, a coleção Partenon que está sob tutela do Museu Britânico pode ser devolvida à Grécia mediante um acordo de parceria cultural de longo prazo.
As peças atualmente em solo londrino seriam reunidas com os artefatos da Grécia no Museu da Acrópole, em Atenas, "como um trabalho artístico completo consistente com a visão de seus criadores", disse o grupo de campanha.
Os planos, que foram discutidos com o primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis e o presidente do Museu Britânico, George Osborne, assentariam numa rotação de obras-primas gregas oferecidas ao Museu Britânico, incluindo algumas que nunca foram expostas fora da Grécia.
Os defensores do Projeto Parthenon argumentam que o acordo seria baseado na "aceitação de ambos os lados de que essa parceria cultural é possível, apesar da ausência de uma posição partilhada sobre a propriedade da Coleção Partenon".
As premissas omitidas possibilitariam contornar a exigência de uma mudança na lei para permitir que o Museu Britânico se desfizesse dos artefactos.
Osborne, que alinha com Sunak, relativizou a perspetiva de uma devolução permanente das peças museológicas, citando os possíveis obstáculos legais. Sugeriu, entretanto, um acordo que permita que as obras de arte possam ser vistas tanto em Londres como em Atenas, mas reitera que os Mármores do Partenon permanecerão na coleção da instituição britânica.
Fonte: RTP
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